sábado, 26 de agosto de 2017

Aprender a lidar com a derrota

CAPITULO 1.3

        No capítulo anterior o Henrique Alves revelou a incapacidade de lidar com a derrota, confrontando os colegas e recriminando-se a ele próprio pelos maus resultados.

        Um elemento essencial para que os mais pequenos lidem melhor com as derrotas é interiorizarem que nenhuma derrota representa o fim do mundo. Com o problema identificado, tive de encontrar uma forma simples e muito básica de explicar ao meu filho de 6 anos de idade, um aspecto fundamental para um desportista e futuro adulto, como lidar com a derrota, dentro das 4 linhas quer fora delas.

      A ideia de tempo não é a mesma para adultos e crianças, mas se lhes explicarmos com calma elas vão perceber que existe sempre uma nova oportunidade para as coisas que valem realmente a pena.


Devemos deixar bem claro que o afecto da família não depende das vitórias e não termina com as derrotas.

        O amor dos pais pelos filhos é incondicional, e é isso mesmo que a criança tem de entender. Será muito mais fácil lidar com as derrotas se a criança não vir nesse facto uma ameaça à sua segurança e ao seu espaço.

         Mostremos aos nossos mais pequenos que quando nos empenhamos num objectivo e damos o nosso melhor, já estamos a fazer tudo aquilo que está na nossa mão. Daí o ser tão importante que nos esforcemos a sério na execução das nossas tarefas, não só porque assim temos muito mais probabilidades de alcançar o que desejamos, mas também porque ficaremos de consciência tranquila quanto aos resultados obtidos, sejam eles quais forem. Quem faz o que pode e de forma disciplinada a mais não é obrigado, não é verdade?

       No entanto existem muitas maneiras de ganhar. Se a criança fez o seu melhor, se aprendeu, aumentou o seu conhecimento e fortaleceu a sua personalidade enquanto tentava vencer, então já é um ganhador, mesmo sem subir ao pódio.

      E sabem quando me apercebi que o Henrique tinha aprendido esta valiosa lição, quando depois de um mau resultado, dizia "Pai, dei o meu melhor, mas não foi possível ganhar."
       Iluminemos o coração das nossas crianças ensinando-lhes que não é bom guardar ressentimentos contra pessoas, nem contra a vida. Os sentimentos menos bons como a raiva, a ira, a inveja, os ciúmes atraem mais sentimentos ruins.

       Não falemos apenas, nem fiquemos pelo apregoar de bonitos sermões de moral. De que servirá isso se nós reagirmos aos berros e aos gritos quando alguma coisa nos corre mal? devemos saber que a criança tem os olhos postos em nós, muito mais do que os ouvidos.

       Queremos que as nossas crianças aprendam a lidar bem com as derrotas? Pois então demos-lhes o exemplo de que elas precisam para se orientarem da melhor forma no combate da vida.

As crianças que crescerem sabendo como lidar com os contratempos serão os adultos responsáveis e maduros do amanhã, e dos quais nos orgulharemos imenso, não por ganharem sempre, mas por saberem viver.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

As 1ª Incertezas

CAPITULO 1.2


       No começo de 2015, o atento acompanhamento que o Mister Vítor Pereira fez ao Henrique Alves, não apaziguo os receios, que os pais tem para com os filhos.

          Frequentemente, questionava-mos se o ritmo e carga do treino eram excessivos para um miúdo de 5 anos, uma pancada mais forte ou mal dada pelos colegas ou adversários, provocaria uma lesão ou ainda pior um trauma.

       As semanas foram passando e o Henrique Alves parecia não ter dificuldades na integração ao novo grupo de trabalho. Como menino extrovertido e  com uma grande auto-estima, pronto encontrou o seu lugar dentro do grupo de trabalho. Os novos colegas rapidamente aperceberam-se porque o Henrique Alves integrou o escalão de traquina. A sua simpatia, determinação e a maneira de tratar a bola chamou logo a atenção.

         A posição dentro de campo,  se assim podemos dizer, já que no futebol 5 as posições são um pouco anárquicas, foi a de  "avançado centro" com a particularidade que o Henrique Alves teve sempre essa posição desde os 5 anos de idade, contrariando os teóricos, que dizem que os miúdos devem "correr" todas as posições de jogo. Isso devia-se a que o Henrique fora da sua posição "natural " perdia grande parte do seu "potencial", devido a ser francinho.

      Decorridos os 6 primeiros meses da temporada 2014/2015, dos quais 3 de intenso trabalho no escalão de traquina,  o Henrique parecia ter argumentos para continuar sua evolução. O que saltou logo a vista é que ele vive para o futebol e a vida do puto não faz sentido sem a bola.

       
No final da temporada o esforço viu-se recompensado com uma notória evolução em todos os aspectos, quer físicos, quer mentais.
A maior revelação, foi a forma como o Henrique começou a encarar o futebol. Viu-se em um ambiente, onde ele partia em desvantagem e revelou a essência do seu carácter ao ir a luta e não dar

nenhuma batalha por perdida. Quando os jogos não corriam bem ficava inconsolável e chamava a atenção aos colegas porque não tinham jogado melhor.

          Esta nova faceta do Henrique surpreendeu a todos, quer encarregado de educação, quer ao Mister Vítor Pereira, já que o atleta não estava a lidar bem com a derrota.