CAPITULO
1.3
No capítulo anterior o Henrique Alves revelou a
incapacidade de lidar com a derrota, confrontando os colegas e recriminando-se
a ele próprio pelos maus resultados.
Um elemento essencial para que os mais pequenos lidem
melhor com as derrotas é interiorizarem que nenhuma derrota representa o fim do
mundo. Com o problema identificado, tive de encontrar uma forma simples e muito básica de explicar ao meu filho de 6
anos de idade, um aspecto fundamental para um desportista e futuro adulto, como
lidar com a derrota, dentro das 4 linhas quer fora delas.
A ideia de tempo não é a mesma para adultos e
crianças, mas se lhes explicarmos com calma elas vão perceber que existe sempre
uma nova oportunidade para as coisas que valem realmente a pena.
Devemos deixar bem claro que o afecto da família não depende das vitórias e
não termina com as derrotas.
O amor dos pais pelos filhos é incondicional, e é isso mesmo que a criança tem de entender. Será muito mais fácil lidar com as derrotas se a criança não vir nesse facto uma ameaça à sua segurança e ao seu espaço.
Mostremos aos nossos mais pequenos que quando nos empenhamos num objectivo e damos o nosso melhor, já estamos a fazer tudo aquilo que está na nossa mão. Daí o ser tão importante que nos esforcemos a sério na execução das nossas tarefas, não só porque assim temos muito mais probabilidades de alcançar o que desejamos, mas também porque ficaremos de consciência tranquila quanto aos resultados obtidos, sejam eles quais forem. Quem faz o que pode e de forma disciplinada a mais não é obrigado, não é verdade?
No entanto existem muitas maneiras de ganhar. Se
a criança fez o seu melhor, se aprendeu, aumentou o seu conhecimento e
fortaleceu a sua personalidade enquanto tentava vencer, então já é um ganhador,
mesmo sem subir ao pódio.
E sabem quando me apercebi que o Henrique tinha
aprendido esta valiosa lição, quando depois de um mau resultado, dizia "Pai,
dei o meu melhor, mas não foi possível ganhar."
Iluminemos o coração das nossas crianças
ensinando-lhes que não é bom guardar ressentimentos contra pessoas, nem contra
a vida. Os sentimentos menos bons como a raiva, a ira, a inveja, os ciúmes
atraem mais sentimentos ruins.
Não falemos apenas, nem fiquemos pelo apregoar
de bonitos sermões de moral. De que servirá isso se nós reagirmos aos berros e
aos gritos quando alguma coisa nos corre mal? devemos saber que a criança tem
os olhos postos em nós, muito mais do que os ouvidos.
Queremos que as nossas crianças aprendam a lidar bem com as derrotas? Pois então demos-lhes o exemplo de que elas precisam para se orientarem da melhor forma no combate da vida.