CAPITULO 2
Os olhos
familiares são um papel fundamental na formação das crianças. E o que acontece
maioritariamente nos casos é os pais nos jogos/treinos dizerem umas coisas e os
treinadores outras, por isso há
também uma necessidade dos pais confiarem no treinador que está ali para ajudar
no desenvolvimento pessoal dos seus filhos.
Se o
treinador não ganhar, os pais no final da época querem que ele vá embora e não
há uma preocupação se ele formou bem os seus filhos. Há uma exigência clara de
ganhar. E tudo começa pelo condicionamento imposto pelos quadros competitivos
aos 5, 6 e 7 anos de idade.
Existe assim, uma necessidade de reestruturar os quadros competitivos nas idades mais jovens, porque se tentamos relacionar esses quadros com o nível sénior temos que esperar que depois nas bancadas as pessoas sejam como nos séniors.
Numa
actualidade onde o treino e os treinadores são cada vez mais qualificados, os mesmos tentam retratar o futebol que aprendem dos Séniors, nas camadas
jovens demasiado cedo. É preocupante quando o treinador tenta imitar o Mourinho
e por a jogar a equipa de certa forma.
Saem do Instituto/faculdade e tentam retratar tudo aquilo que aprenderam de uma forma bastante
organizada e por vezes não deixam fluir a criatividade, o talento.
Com as
diversas metodologias de treino actualmente, o treinador nas camadas mais jovens
deve apenas criar contextos favoráveis ao desenvolvimento, deve proporcionar
uma aprendizagem espontânea.
Estamos num ponto de viragem, onde é necessário partir da reflexão à prática, começar a pensar num futuro sustentado pela nossa formação. Recentemente publiquei uma reportagem no canal do Youtube, onde a Federação Alemã de Futebol, explica a metodologia de trabalho da mesma, e fiquei surpreendido, e pergunto-me onde fica a espontaneidade do atleta ? nessa perfeita e metódica organização.
Os
treinadores podem e devem criar um treino livre, sem organização e sem intervenção por
parte de um adulto, em todos os escalões. Podem utilizar somente feedbacks
positivos durante os jogos, para induzir uma necessidade de a criança perceber
que errou e de criar soluções para os ultrapassar e o mais importante, de
criação de espaços para a prática.
Devido ao desenvolvimento precoce que o Henrique Alves tem sofrido na sua actividade desportiva, tem-nos possibilitado visitar vários centros de formação e em todos eles é notório a falta de "Liberdade" para com os atletas que tem uma predisposição natural para o controlo da bola.
Miúdos que são orientados para repetição de tarefas e exercícios de coordenação motora misturados com outros miúdos que tem uma elevada coordenação motora e que deveriam estar a realizar outras tarefas.
O futebol
moderno é caracterizado cada vez mais pelo equilíbrio táctico e excelentes
comportamentos colectivos entre as equipas, mas sem criatividade, onde só um
jogador com as características do Ronaldo e Messi consegue quebrar a monotonia
do jogo.
O individualismo pertence aos melhores jogadores do
mundo, e foi a sua criatividade que lhes fez serem conhecidos no futebol.